Relatório de "A Onda"

 Por João Marcos


Lançado em 2009 pela Constantin Films, Die Welle (A onda, em português) é um filme alemão que recebeu boas críticas em relação ao seu enredo e principalmente ao impacto criado para com os seus espectadores.



A trama do filme se baseia nas aulas de Rainer Wenger sobre o tema do funcionamento de uma autocracia. Em discussão com os alunos, explicando o que seria uma autocracia, uma espécie de “autopoder”, chegaram à conclusão que modelos que bem encaixariam neste contexto, seriam o fascismo e o nazismo, ditaduras. Estimulado pelo professor, houveram alunos que exclamaram que esse tipo de governo não seria mais possível existir, devido à consciência das pessoas sobre o que acontecera no passado alemão (falta de liberdade de expressão e principalmente a violência desumana). Com essa discussão aberta, Wenger decide então fazer uma experiência de pseudodisciplina em que todos os alunos deviam começar a chama-lo de “Er Wenger” – algo como senhor Wenger, além de manter uma postura reta e que enfileirados apenas uma pessoa fale por vez, parecido com um sistema militar. Com um clima de imposição por parte deste “Führer”, muitos da sala seguiram as ordens do professor para permanecer na sala, outros viram ali uma oportunidade de inserção em um grupo, contudo houveram alguns que questionaram Wenger e se recusaram a participar, resultando na saída desses. 


Nomeando o grupo em “A Onda” e usando como símbolo a mesma, criando seu gesto de saudação – um movimento com o braço direito em forma de onda, e também definindo um uniforme – camiseta branca e calça jeans, (todos esses itens normalmente presentes no fascismo e nazismo: símbolo, gestos e uniforme) é interessante notar a fácil adesão dos alunos a ponto de haver fanatismo, como aconteceu com o personagem Tim que chegou a ponto de atear fogo em suas roupas de marca, e também de personalidades como a de Karo que se expressaram contra A onda, principalmente às vestimentas que inibiam a individualidade dos alunos.
Ao longo da semana, com o fortalecimento d’A onda e com sentimento de superioridade, alunos começaram até mesmo excluir alunos de outras salas que não faziam parte d’A onda: fazendo festas apenas para integrantes e até impedindo a entrada de alunos na escola se não fizessem a saudação ou não vestissem branco. Também devido ao crescimento d’A onda, integrantes começaram a divulgar abertamente o grupo pela internet por meio de um blog, e também chegaram ao ponto de vandalismo em casos de pichações. 

No que se refere à união do grupo, é interessante citar situações em que integrantes d’A onda se autodefendiam, como na briga entre um deles com anarquistas. União, aliás, que se torna a principal qualidade em um sistema como esse.


Falando propriamente de uma ditadura, como debatido por Wenger, esse tipo de governo provém muitas vezes quando a massa em geral está sofrendo por uma depressão econômica (uma crise), tendo uma injustiça muito grande e uma carência por um líder. Em relação a esse último, principalmente quando a massa já se encontra “sem um norte” e a sociedade precisa de ordem. No filme, a adesão dos personagens mostra a característica do ser humano de sua necessidade em fazer parte de algum grupo.

Dentre suas desvantagens está a ideologia de que “os fins justificam os meios”, claramente visível na história do nazismo quando se trata de violência, por exemplo. Outra desvantagem é a colocação do indivíduo em segundo plano, quando apenas o coletivo tem voz valorizando o nacionalismo, fazendo assim existir um sistema de repressão de liberdade de expressão.

Em relação À onda, Karo desde o primeiro dia da experiência se expressou que aquilo não era algo certo. No decorrer do filme, ela que permanece na sala dos autocratas, tenta convencer seus colegas para que algo ruim não ocorra. Vendo o rumo que as coisas iam tendo como exclusão daqueles que não vestiam branco e conflitos por causa do grupo, tentou obstruir o avanço d’A onda criando folhetos, mas não teve êxito. É valido fazer uma pequena assimilação entre Karo e Sophie Scholl no que se fala de resistência ao grupo/governo, já que ambas tinham características como o uso de folhetos e também o repudio a conflitos. 

Se ainda não assistiu o filme, abaixo você o encontra :v
 
The Wave (2008) on IMDb

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